O ambiente volátil e complexo de negócios requer profissionais capazes de tomar decisões estruturantes.
Liderar em tempos de grandes transformações – tecnológicas, culturais e comportamentais – não é tarefa fácil. Nesse cenário, agilidade torna-se uma característica fundamental, especialmente para quem está em posições de liderança e precisa engajar pessoas, tomar decisões e criar estratégias para obter resultados satisfatórios.
De acordo com a coach executiva e scrum master Caroline Marcon, o modelo clássico de gestão baseado na cultura do comando e controle precisa ser repensado. “O ambiente volátil e complexo de negócios requer profissionais capazes de tomar decisões estruturantes, ou seja, que assegurem um grau de previsibilidade e alinhamento com a estratégia da empresa a partir de um jeito novo de trabalhar. Esse novo jeito tem na essência o foco no cliente, a inovação, a colaboração e a conversão de valor de forma melhor e mais rápida”, diz.
A seguir, Caroline, que também é professora do programa de MBA em Gestão Estratégica de Pessoas da FGV, fala sobre as premissas da gestão ágil, as competências mais valorizadas e o papel do líder nesses novos tempos.
Avaliações de desempenho Ao adotar métodos ágeis em suas operações centrais, as empresas passaram a deixar de lado a ideia de planejar com um ano ou mais de antecedência o andamento dos projetos e os prazos de conclusão. Assim, a primeira prática de RH tradicional a mudar foi a avaliação anual de desempenho e metas. A noção de que o feedback deveria ser fornecido uma vez por ano pelo chefe passou a não fazer mais sentido, já que agora as pessoas trabalham em projetos de prazo mais curto, conduzidos por diferentes líderes e organizados em torno de equipes. “É preciso realizar feedbacks frequentes ao longo do ano para que as pessoas possam corrigir os erros durante o percurso, melhorar o desempenho e aprender com a iteração”, afirma.
Feedback multidirecional e contínuo Receber a avaliação de pares é essencial para correções de curso e desenvolvimento do profissional em ambiente ágil. Com o feedback contínuo, os retornos são mais rápidos, o que permite monitorar regularmente o progresso em objetivos menores e incrementá-los.
Liderança servidora O líder atual não pode mais se comportar como chefe, deve ser um líder servidor, um coach. Esse conceito está baseado na afirmativa que liderar é servir. Dessa forma, o líder busca compreender as reais necessidades de suas equipes, no sentido de auxiliar, apoiar, ensinar, inspirar e motivar os colaboradores, para que todos possam desenvolver seus potenciais e talentos. Outra característica é a valorização de ideias e contribuições de seus colegas de trabalho, estabelecendo uma cultura de confiança e respeito. Também tem a preocupação de replicar novos líderes, ensinando outras pessoas a liderar e oferecendo oportunidades para o crescimento.
📷Focar em equipes, não em indivíduos Enquanto na gestão tradicional o foco nas pessoas reforçava a ideia de que o profissional deve resolver seus desafios baseado apenas nas suas próprias habilidades e conhecimentos, a gestão de equipes faz o desafio se tornar coletivo e, assim, a sinergia das competências são estimuladas em prol do resultado final.
Além disso, outra tendência é a formação de equipes pequenas, estáveis e autogeridas. “Dê autonomia para que o profissional realize seu trabalho e deixe que administre seus projetos e mantenha-se accountable, ou seja, responsável por cumprir a sua palavra”, ensina Caroline. Focar em times autogerenciáveis e automotivados ao invés de em indivíduos exclusivamente é um ótimo caminho para alcançar a cultura de gestão de times de alta performance.
Facilitar a inovação O líder tem importante papel na criação de uma cultura voltada para geração e execução de ideias inovadoras. Cabe a ele criar um ambiente saudável e propício para geração de novas oportunidades; desafiar as perspectivas atuais; inspirar curiosidade e encorajar as pessoas a serem questionadoras; facilitar interações com outras partes da organização etc. “O ambiente saudável tem a ver com acolher as pessoas como são e perceber o valor da diversidade. Assim, a energia no trabalho é aproveitada de forma útil, para gerar valor – e não para gerenciar impressões e tentar ser o que não se é. Esse ingrediente fundamental das equipes de alta performance é conhecido como segurança psicológica”, explica.
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