A profunda transformação no ambiente de trabalho tem gerado uma enorme pressão por performance em todos os profissionais, automação em escala, necessidade de treinar as pessoas para novas habilidades (Reskilling) e o aumento considerável de prestadores de serviço independentes, sem vínculo formal com as organizações. Neste cenário, a área de Recursos Humanos ou Capital Humano ganhou a importância estratégica uma área core. O RH está conquistando um grande espaço na nova economia. Hoje, o bom executivo de RH ajuda a desenhar o futuro do negócio, faz a gestão da cultura organizacional e orienta no desenvolvimento acelerado de times de alta performance.
A principal competência do RH no futuro será ajudar as empresas a desenvolverem a capacidade de ‘aprendizagem em escala’. O primeiro passo será consolidar o mindset de crescimento, que é o esforço contínuo de autodesenvolvimento, a busca proativa por desafios (sem medo de desafiar o status quo) e a capacidade de refletir e aprender com todas as experiências (acertos e principalmente erros).
Embora não exista um modelo único de RH do futuro, há 4 princípios que podem nortear qualquer negócio. Confira:
Criar uma empresa que vença no mercado. O propósito do RH deve ser entregar valor para o cliente. E isso passa por valorizar e desenvolver todos os seus profissionais, que tenderão a tratar o cliente tão bem quanto são tratados. A experiência do colaborador precisa ter impacto positivo na experiência do cliente. Uma forma de criar esse ciclo virtuoso é perguntar-se: qual seria o resultado do negócio se a experiência do cliente melhorasse em 15%? E como o RH pode criar esse resultado por meio dos colaboradores?
Atrair e desenvolver times de talentos e co-criar a organização do futuro – o RH do futuro deve ajudar a desenhar os sistemas e modelar a cultura. Nesse sentido, dizer que o RH precisa entender do negócio não é nenhuma revelação, e sim pré-requisito para entrar no jogo, para se credenciar no time executivo. A grande contribuição do RH é ajudar a organização a navegar no mar de paradoxos, gerenciar as tensões, desafiar para diálogos necessários e por vezes difíceis. Ao facilitar esse processo, o RH ajudará a organização a encontrar respostas adequadas para responder ao novo mundo do trabalho.
Estabelecer intimidade com o cliente. Além desse papel interno com os executivos, o RH também precisa estar próximo do cliente final, interagir no dia a dia, ter a experiência de tornar-se um cliente. Ferramentas como o Design Thinking são estratégicas para o RH, pois permitem colocar o cliente no centro, desenvolver empatia e focar na solução.
Usar a informação de modo inteligente – ajudar a organização a tomar decisões baseadas em informações úteis e minimizar os vieses inconscientes. Precisamos evoluir no uso das tecnologias de People Analytics para além da eficiência e além do próprio RH. O que faz ‘mexer o ponteiro’ é a correlação dos indicadores de RH com os resultados de negócio. Outro aspecto importante é tornar a tecnologia um instrumento de conexão entre as pessoas, e não de isolamento. Isso precisa ser levado em conta, pois o trabalho virtual tem inúmeros benefícios ligados à produtividade, praticidade e flexibilidade no estilo de vida, mas pode tornar o contato humano mais superficial. O trabalho do futuro terá como principal ativo a construção de relacionamentos, a humanização das relações. Nessa área nenhum robô será capaz de competir conosco.
Por Caroline Marcon, consultora de transformação cultural e RH Ágil e professora de programas de MBA da FGV
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